Com a chegada do verão, a dinâmica de ocorrência dos pinípedes e tartarugas, que são monitorados pela equipe técnica do Projeto Pinípedes do Sul, tomam atitudes opostas.
Nesta estação, as dezenas de pinípedes que eram registrados nos Refúgios de Vida Silvestre do Molhe Leste e da Ilha dos Lobos, diminuem, os leões e lobos marinhos retornam para suas colônias reprodutivas no Uruguai e na Argentina. Por outro lado, os números de registro das tartarugas começam a aumentar, normalmente, tartarugas-verdes (Chelonia mydas) e tartarugas-cabeçuda (Caretta caretta) aparecem encalhadas nas praias.
O Projeto, patrocinado pela Petrobras,agrega atividades mensais demonitoramento da presença e da mortalidade sazonal dos pinípedes e tartarugas nos Refúgios e praias do litoral gaúcho, assim como a interação destes animais com as pescarias de arrasto. Nas atividades do Pinípedes do Sul, também é previsto o desenvolvimento de pesquisas científicas e articulações institucionais visando à conservação das espécies.
De acordo com o coordenador científico do Projeto, Leonardo Martí “É natural que as pessoas encontrem as tartarugas encalhadas nas praias, principalmente no verão, quando ocorre maior interação com as pescarias da região. Pode ser uma questão de horas para o animal chegar ao óbito, por isso é importante entrar em contato com o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) (53) 3236-2420 ou com o Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM/FURG) (53) 3232-9633 para registrar uma ocorrência. Após o contato, se o animal estiver vivo será resgatado e encaminhado para a reabilitação no CRAM/FURG.”
Ciclo de vida dos pinípedes e tartarugas
Os pinípedes são animais marinhos que passam parte da vida com permanência em mar aberto ou bacias de água doce para alimentação, e outra parte na terra, onde descansam e se reproduzem. Quando estão em terra, escolhem locais onde conseguem se alimentar sem fazer muito esforço e gasto de energia.
Já as tartarugas marinhas, tem um ciclo de vida diferenciado, utilizando o ambiente terrestre apenas para desova. Quando os filhotes nascem, seguem para alto-mar, onde encontram alimento, proteção e direções para iniciar sua tradicional migração para outros ecossistemas.
A diferença entre os grupos são que os pinípedes são mamíferos marinhos que, geralmente, utilizam as praias e os Refúgios para descansar depois das longas jornadas de migração e alimentação. Já as tartarugas, são répteis, que só encalham nas praias quando estão debilitadas. Um fator relevante, é que as espécies de tartarugas encontradas nesta região estão presentes na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Parceria com o CRAM
O CRAM da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) trabalha em parceria com o NEMA, atendendo os animais que foram encontrados debilitados ou enfermos nas saídas de monitoramento do Projeto ou que foram avistados pela comunidade.
A diferença nos números de registros
No início de setembro, no auge do inverno gaúcho, a equipe técnica do Pinípedes do Sul chegou a registrar 69 leões marinhos e 191 lobos marinhos, no Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres/RS. Já no monitoramento realizado em janeiro, no mesmo local, foram encontrados apenas 13 leões marinhos e 6 lobos marinhos. Esses números também diminuíram no Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, em janeiro, foram registrados apenas 20 leões marinhos, sendo que em outubro foram registrados 170, no mesmo local.
Sobre o Projeto:
O Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, tem o objetivo de reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes, que constitui o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos e das tartarugas marinhas no sul do Brasil. Além disso, o Projeto visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação – Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste (São José do Norte, RS) e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos (Torres, RS), onde há grande concentração desses animais e desenvolver atividades de educação ambiental voltadas para comunidades pesqueiras.