Dentre as atividades do Projeto Pinípedes do Sul, patrocinado pela Petrobras, é realizado quinzenalmente o monitoramento do Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) do Molhe Leste, localizado no município de São José do Norte. Nesta Unidade de Conservação, a equipe técnica do projeto monitora os pinípedes (leões e lobos marinhos), os botos e as diversas espécies de aves (avifauna) que podem ser encontradas na área.
Para as aves costeiras e oceânicas, o local é utilizado como área de alimentação e pouso. Por este motivo, o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), entidade executora do Projeto Pinípedes do Sul, desenvolveu um trabalho com dados sobre as aves encontradas na Unidade de Conservação.
Nos anos de 2001 a 2018, por meio de monitoramento mensal da área, foram observadas 44 espécies de aves. A ocorrência do maior número foi registrada no inverno, seguido do outono, primavera e verão. Dentre as espécies observadas, 30 são residentes do Brasil, 9 são visitantes sazonais oriundos do sul do continente e 5 representam visitantes sazonais provenientes do hemisfério norte.
Espécies ameaçadas
Muitas das espécies monitoradas no REVIS do Molhe Leste estão na “Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas” da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a qual tem apresenta o status de conservação de cada espécie. A exemplo disso, temos o registro da pardela-preta (Procellaria aequinoctialis), que consta da lista com o status de “Vulnerável” e o albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), classificado como “Em Perigo”. A maioria das demais espécies observadas no local são classificadas como “Não Preocupante”.
De acordo com o colaborador do Projeto Pinípedes do Sul, Carlos Eduardo Soares, “o número de espécies de aves registradas no REVIS do Molhe Leste mostra a importância dessa área para a conservação da avifauna na região.”
Entenda as aves marinhas
As aves marinhas são animais que têm como habitat natural o mar. Possuem hábitos diurnos e são divididas em “costeiras” (encontradas geralmente próximas ao continente) e “oceânicas” (que podem ser encontradas em alto-mar). Um diferencial das aves é a sua estrutura demarcada por mais penas e gordura, que as tornam impermeáveis. A gordura faz também com que o animal não seja tão impactado pela água nas suas jornadas em busca de alimento.
No Brasil, há registro de cerca de 150 espécies de aves que utilizam o território nacional para alimentação e como trajeto de suas rotas migratórias. Muitas destas aves estão presentes na lista da IUCN nas categorias “Ameaçadas” ou “Vulneráveis” à extinção. Este dado evidencia a relevância da preservação dos habitats, mitigação de mudanças climáticas, desenvolvimento de alternativas sustentáveis e o equilíbrio da fauna a nível mundial para que se tenha a efetiva conservação dessas aves.
Bioindicadores ecológicos
A ciência está sempre em busca de dados para entender as mudanças sofridas pelos ambientes ao longo do tempo. Para isso os chamados “bioindicadores ecológicos” são essenciais. As aves são ótimos indicadores, pois como possuem hábitos diurnos são facilmente observáveis e, com isso, é possível que os pesquisadores monitorem sua reprodução e sua elevada longevidade.
Sobre o Projeto:
O Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, tem o objetivo de reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes, que constitui o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos. O projeto, que também atua na conservação das tartarugas marinhas no sul do Brasil, visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais (Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, em São José do Norte e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres) e desenvolver atividades de educação ambiental junto às comunidades pesqueiras.