O inverno no litoral gaúcho tem sido marcado por um elevado número de registros de ocorrência de lobos-marinho-do-sul (Arctocephalus australis) que ocorrem nas praias e Refúgios de Vida Silvestre. A equipe técnica do Projeto Pinípedes do Sul, patrocinado pela Petrobras, tem trabalhado diariamente atendendo as solicitações da comunidade, realizando o resgate e reintrodução desses pinípedes. Em vista disso, na quarta-feira (31) a equipe do Projeto em parceria com o CRAM/FURG realizou a soltura de mais um lobo no seu habitat natural.
O espécime, um macho juvenil foi encontrado no dia 10 de julho na saída de monitoramento da Praia Norte - trecho entre a porção norte da barra de Rio Grande, estendendo-se por uma faixa de 135 quilômetros até a Barra da Lagoa do Peixe - pela equipe técnica do Projeto e foi encaminhado para o Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM/FURG). Dados fornecidos pelo CRAM apontam que o animal chegou ao Centro com 9,600 quilos, 83 centímetros e duas lesões na nadadeira anterior esquerda. Para a sua soltura, a equipe da instituição verificou a cicatrização da nadadeira e realizou exames para avaliar se o animal estava saudável e apto para ser devolvido ao mar. Esta estação do ano, é considerada o auge da temporada da ocorrência de leões e lobos marinhos na região.
Conforme o coordenador científico do Projeto, Leonardo Martí “Destacamos que ao encontrar esses animais a comunidade pode entrar em contato com o NEMA (3236-2420) ou com o CRAM/FURG (3231-3496). Enquanto a equipe não chega ao local, orientamos que as pessoas não se aproximem destes espécimes silvestres, não os alimentem e se possível evitem o contato com animais domésticos das proximidades”.
Registros de lobos marinhos no inverno
De acordo com os dados obtidos durante as atividades do Projeto, no segundo semestre de 2018 foram registrados números recordes de lobos marinhos, no Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres, foram 562 indivíduos. Os dados também foram expressivos nas extensões de praia monitoradas pelo Projeto, com 36 espécimes registrados e mais 33 no Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, em São José do Norte.
O processo da inserção de anilha
O lobo marinho foi marcado com uma anilha amarela que agrega a numeração 030 na parte superior e o contato do CRAM/FURG. Esse processo é realizado para que as instituições que também monitoram pinípedes e a comunidade em geral possam entrar em contato com o Projeto para informar sobre a sua ocorrência em outros locais. Quando a marcação é realizada pela equipe do Projeto, a cor da anilha é verde e agrega o contato do NEMA.
A espécie “lobo-marinho-do-sul”
O lobo-marinho-de-sul é um mamífero que possui distribuição geográfica no continente sul-americano desde o Rio de Janeiro, no Oceano Atlântico, até a Península de Paracas (Peru), no Oceano Pacífico, contando também com registros nas Ilhas Malvinas. A população mundial da espécie é estimada entre 350.000 e 400.000 animais. Esta é a segunda espécie de pinípede mais abundante no litoral gaúcha, podendo ser avistada frequentemente nas praias da região sul, alimentando-se e descansando.
Esta espécie é caracterizada por um corpo delgado, focinho alongado, vibrassas longas, orelhas pequenas, ventre claro e pescoço grosso. Os filhotes da espécie nascem com o pelo em tons de cinza, e peso de 3 a 5 quilos. Já adultos, passam a ter coloração marrom, sendo os machos maiores que as fêmeas. Dentre os animais já observados, os machos atingiram 1,89 m de comprimento e 159 kg, enquanto as fêmeas chegaram a 1,43 m e 48 kg. Também quanto à idade há variação entre machos e fêmeas, já tendo sido registrados animais com até 23 anos (machos) e 30 anos (fêmeas).
Sobre o Projeto:
O Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, objetiva reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes - o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos - e de tartarugas marinhas no sul do Brasil. Além disso, o projeto visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais – Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste (São José do Norte, RS) e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos (Torres, RS) - e desenvolver atividades de educação ambiental voltadas para comunidades pesqueiras.